"A
história da verdade - do poder próprio aos discursos
aceitos como verdadeiros - está totalmente por ser feita"
Michel
Foucault
1
É
inquestionável que uma discussão se tornou imperiosa
nos meios pensantes (e
mesmo nos não-pensantes) do mundo inteiro: a que diz respeito aos
reflexos -ontopsicológicos, socioculturais, poético-estéticos
e econômico-políticos- dos avanços tecnológicos
sobre o 'jeito humano de ser'. Seja como for, é uma tentação
difícil de evitar: na era das redes(1), das virtualizações(2) e dos simulacros(3), as técnicas
estão por toda parte e se infiltram até mesmo em
nossas frestas mais íntimas, demarcando ali novas territorialidades,
se abalizando como os efetivos pressupostos -quase que como o
único parâmetro- de nossas ações presentes
e futuras. De um modo ou de outro, jamais se esteve tão
fascinado com a parafernália
tecnológica, ou pior: jamais se esteve tão à
mercê da ordem turbulenta de suas derivações
intrínsecas.
E este fascínio é tanto, diante de um fenômeno
que surpreende tanto por sua alta capacidade de regeneração
e revigoração, que uma quantidade cada vez maior
de pessoas se entrega, de corpo e alma, a um perigoso jogo (amiúde de cartas marcadas)
de instabilidade simbólica. Por um lado, é certo
que variegados mecanismos de formação profissional
estão sendo ativados neste fin-de-siècle,
aumentando bastante as expectativas de uma inserção
justa no mercado de trabalho -do mesmo modo que a telematização
do socius, em sua estreita vinculação com
os atuais termos de interlocução propostos pela
linguagem digital, altera, num nível sempre atraente, tanto
os efeitos de superfície quanto as grandes categorias da
subjetividade contemporânea. Por outro lado, também
é certo que, como bem alertou Foucault(4), um número crescente de
dispositivos silenciosos de exercício da autoridade estão
sendo disparados no calor da hipertrofia, em curso, do binômio
técnica-poder (com a conseqüente atrofia
da instância ética).
Pondo um pouco de lado a questão de saber se, como sugere
Lévy(5), tal quadro favoreceria
a constituição libertária de uma humanidade
esteada -em sua transição para uma sociedade dita
tecnodemocratizada- por uma inteligência coletiva(6), com efeito, é
notório que novos paradigmas de aquisição
de conhecimento e de constituição de saberes alimentam
nossas expectativas relativamente à chegada de um era marcada
(enfim?) pela
emancipação e pela consciência-de-si.
Outros ainda (que
Nietzsche, de bom grado, associaria
aos perfis do profanum vulgus e do homo docilis) vão além
disso e quase que deixam, por conta disso, regular o seu próprio
destino (e
o de sua prole)
por aquela instabilidade simbólica, acreditando fazerem
o que é certo. Afinal de contas, para elas, já não
resta dúvida de que o tema da superação de
nossos limites pela sofisticação técnica
é, de fato, o assunto dos assuntos, a discussão
pervasiva, a coqueluche oportuna de nosso século...
É compreensível que alguns respirem aliviados diante
desse momento emblemático em que, já galgados todos
os degraus carcomidos da escada do progresso, enfim se atinja
a cumeeira, sendo razoável regalar-se com isso. Tratar-se-ia,
quem sabe, de um novo otimismo leibniziano fendido em duas mentalidades
muito recorrentes hoje em dia, se assemelhando o processo, para
a primeira delas, a uma espécie de 'frutescência',
ou mesmo ao apanhamento de uma 'semeadura' iniciada não
há muito, mas implementada, decerto, com inegável
intensidade, à custa de muita paciência, desprendimento
e resignação... Já para a segunda, tratar-se-ia
antes de um acontecimento sinuoso, porém inexorável,
de pouco adiantando qualquer aversão ou lamúria
de nossa parte, pois este se tem dado (e continuará a se dar) assim, de
qualquer modo, cabendo a cada um de nós (ao menos aos sensatos e despertos) relaxar e
aproveitar a positividade da situação.
A primeira mentalidade -qualificada, com conotações
inteiramente distintas, por posicionamentos tão antípodas
quanto os chamados 'tecnofílicos' e 'tecnofóbicos'(7), de esperançosa-
não seria, na verdade, nem um pouco menos preocupante
que a segunda, qualificada, dentro da mesma lógica de
raciocínio, de resignada. E a coisa não
pararia aí, existindo, obviamente, um fieira de outras
atitudes possíveis, também recorrentes, de aposta
nessa inserção do elemento técnico-tecnológico
no âmago de nossa existência, com destaque, v. g.,
para a oportunista e a alienada (semi-invisíveis sob a lente míope
'tecnofílica', porém excessivamente notórias
sob a lupa hiperbólica 'tecnofóbica') as quais poderemos
abordar melhor numa outra oportunidade.
2
Embora
haja convicção, em relação a essas
novas tecnologias intelectivas, de que seja imenso o seu potencial
de transformação das subjetividades -ou até
por isso- o que importa no momento (que também é o momento
deste ensaio)
é que, mais do que nunca, urge ir além do 'como'
(ou, do que
dá no mesmo, da vertigem das narrativas fáceis
e do júbilo das visões panorâmicas) e enfrentar
questões bem mais ácidas e sisudas nelas mesmas,
que envolvam os malditos 'por que?' (maldito na época que corre, mas
benfazejo em outras ocasiões) e 'a troco de que?', quando
se trata de efetivamente avaliar, com a sinceridade e a responsabilidade
devidas, uma questão tão vital quanto esta.
Como não poderia deixar de ser, a influência da velocidade
tecnológica sobre a educação e seu adequado
papel na equação ´ensinar-aprender´
é um assunto que vem despertando um progressivo interesse
na academia. Seria em função
disso que a exata questão de agora, a inevitável
questão de agora, a boa questão de agora,
é a da técnica... sendo, por outro lado, um arriscado
equívoco pensá-la isoladamente, ou seja, fora de
um contexto bem mais amplo.
Entretanto, mais do que sobre os saberes e práticas
técnicas propriamente ditos ou sobre os objetos
técnicos(8), como resíduos
que são daqueles saberes e práticas -amiúde
surpreendentes e reluzentes-, deveríamos refletir sobre
o alcance e o significado (assim
como se faz diante de um enigma e de suas imanentes tortuosidades) desse apreço
acrítico-contagioso pelas tecnicidades-nelas-mesmas
que nominam de tecnicismo ou tecnologismo. Deveríamos
nos entregar a um mapeamento genealógico sobre o que move
(e tem movido
nos últimos tempos) as suas seguidas desfigurações
e reconfigurações. Antes de mais nada, é
preciso determinar que forças estão sendo, seqüencialmente,
tensionadas no horizonte desse contexto. Sabemos que, em
nenhum outro momento histórico, o capital cognitivo expressou
tão bem a rivalidade, posta intencionalmente em prática,
entre os multifacetados sujeitos sociais em sua radical (porém inaparente) interferência
não só na utilização epidérmico-cotidiana,
como também no próprio enraizamento ´imaginário´
(em nossas
sensibilidades individual e coletiva) daqueles objetos técnicos.
Não são poucas as configurações (ou, como prefere Lévy,
os agenciamentos sociotécnicos)(9) que as tecnologias podem assumir num determinado
momento de seu deslanchamento. É sabido que vivenciamos,
agora, talvez o mais agressivo e insolente daqueles momentos.
Mas quais seriam exatamente aquelas configurações?
Seria viável determiná-las, levando-se em conta
-como se faz necessário hoje, mais do que em qualquer ocasião
anterior- que o caos e o acaso também
influenciam, e muito, tal processo? Quanto mais a consciência
tecnológica amadurece, mais ela se dá (ou, ao menos, deverá
vir a se dar) conta
da ingerência de ambos sobre os fatos. O que isso poderá
representar? O que isso representa, agora, para nós? Em
que medida o tecnicismo, enquanto enredo amplamente explorado
pelos meios
de comunicação de massa, poderá continuar nos desviando
de uma correta reflexão sobre seus usos e sentidos? A quem interessaria,
de perto, a atual cruzada disseminadora da hipertrofia técnica?
A anodinização gradual do pensamento discursivo
pelas imagens resultará,
verdadeiramente, em que? O que pensar da onda planetária
de virtualização(10), e de seus resultados
na esfera da sociocultura?
Estas são questões que devem ser, essencialmente,
colocadas antes, juntamente com outras que, apesar de
seu maior apelo, não devem ser consideradas geneticamente
secundárias -sobretudo graças ao "alucinante
distanciamento entre a natureza dos problemas colocados à
coletividade humana pela situação mundial da evolução
técnica e o estado do debate ´coletivo´ sobre
o assunto, ou antes do debate mediático"(11). Entre elas
estariam, por exemplo: toda técnica (ou tecnologia) é, necessariamente ´boa´
ou ´má? Para além do forçoso reducionismo
dessa dicotomia, poderia ela ser ambas, ou seja, simultaneamente
boa e má, dependendo do contexto? Ou antes, não
sendo nada disso, encarnar, pura e simplesmente, um procedimento
´neutro´? Deveríamos rejeitá-la em
bloco ou a priori aceitar suas peculiaridades?
A seu propósito, pode-se dizer que várias vozes
inteligentes, contrapondo-se ao grande silêncio reinante,
se já não as colocaram antes, o estão fazendo
agora e, acertadamente, com a contundência
adequada. Muito já se falou da ruptura 'apocalíptico-irracionalista-revolucionária'
sustentada pelos (pós)-filósofos pós-modernos(12) e pós-estruturalistas cujas dicções
tem se caracterizado pela eleição de um malin génie,
causador de todos os males que ora nos assolam. Seria o caso da
'morte do autor' e da 'textualidade do mundo' exploradas
à exaustão por Derrida(13), do 'desaparecimento
do real', hipótese cardial das propostas de Baudrillard(14), da 'teoria do
pânico' de Kroker e Cook(15) e mesmo das 'obras
derivantes' e 'peregrinações do sentido' investidas,
principalmente, pelo último Lyotard(16), além do
tema das interações entre a 'velocidade tecnológica'
e o 'aparato estratégico-logístico-militar' e, ainda,
entre os 'sujeitos individualmente tomados' e o 'Estado político'
na dromologia de Virilio(17).
Para outra dessas vozes, a da historiadora da ciência (bióloga primatologista
de formação), Donna Haraway(18) , urgiria sim, prioritariamente, acabar com
a ilusão -arraigada em nossas cabeças modernosas- das 'técnicas
neutras', meramente 'instrumentais', uma vez que qualquer uma
delas, necessariamente, se dá numa associação
direta, velada ou não, com um contexto mais amplo, em parte
determinando-o, em parte sendo por ele determinada. Segundo ela,
assim como o homem sempre se colocou no cerne (como fundamento integrante)
de
suas realizações, tudo o que ele vem realizando
também passou a ser parte dele, passou a necessariamente
compô-lo. O que significa, em outras palavras, que o homem se faz e
desfaz na simultaneidade do que ele realiza e desrealiza,
seja pela via técnico-tecnológica seja por qualquer
outra(19) .
Isto posto, pode-se afirmar que, nas atuais circunstâncias,
o fenômeno técnico desponta como bem mais do que
um pormenor anônimo da configuração imaginal
do socius, aquela na qual se delinearia a possibilidade de um
interfaceamento efetivo entre o homem e o universo. Por outro
lado, também não parece restar dúvida de
que, presentemente, a técnica é uma das dimensões
mais representativas, queiramos ou não, lamentemos ou não,
de nossa atual condição antropológica e de suas regras
de autotransformação. A paulatina hibridização entre o dado humano
e o inumano, entre o homem e a machina, entre o estado
de cultura e o estado de natureza,
agencia ou, quando nada, projeta codificações inéditas
de condições-de-subjetividade e planos-de-subjetivação.
A impregnação, cada vez mais vertiginosa, das várias
facetas da vida social pelas marcações
'frias' do maquinismo generalizado, assim como deslocamentos
menos visíveis, neste sentido, ora ocorrendo em nossa esfera
intelectual, obrigam-nos a reconhecer, é preciso voltar
a afirmar, a técnica como um dos mais importantes motivos
filosóficos e políticos da atualidade. A nossa própria
compreensão do que seja o mundo passa, obrigatoriamente,
por aquilo que é transmitido e 'permitido' (enquanto
sentido) pela mídia e pelas redes
eletrônicas
(em minha
opinião, o mais recente e eficaz, porque o mais bem dissimulado,
de todos os MCM
(meios de comunicaçao de massa))(20). Porém como analisar, com um mínimo
de firmeza, as sinceras conseqüências de nosso contato
íntimo com esse novo corpo sem órgãos, ainda
por demais instável e imprevisível, que chamamos
ciberespaço?
Notas:
(1) Cf. de Paulo Vaz,
"Agentes em rede" e de Mark Nunes, "Baudrillard
in Cyberspace: Internet, Virtuality, and Postmodernity".
(2) Cf. de Arthur Kroker e Michael A. Weinstein, "The Political
Economy of Virtual Reality: Pan Capitalism" e de Sherry
Turkle, "Virtuality and its Discontents: Searching for Community
in Cyberspace".
(3) Cf. de Philippe
Quéau, Eloge de la simulation e de Jean Baudrillard, Simulacres
et simulation.
(4) Cf. de C. P. Killick-Moran, "Foucault on sexuality and
bio-power. The genealogy of the shift from life to law in the
conceptualisation of power".
(5) Pierre Lévy, As tecnologias da inteligência,
pp.7-20.
(6) Lévy, "A planetarização e a expansão
da consciência".
(7) Ambos os
termos, apesar de sua recorrência e até mesmo popularidade
leigo-acadêmica, se mostram muito precários. Tratam-se,
na verdade, de rótulos tão válidos quanto
quaisquer dos outros, a todo momento, fabricados e fartamente
despejados sobre nossos ombros pela mídia, ou seja, vazios
em seu conteúdo e exagerados em seu alcance semântico.
Autores pejorativamente classificados como 'tecnofóbicos'
(entre eles, Heidegger, Baudrillard e Virilio), assim como 'tecnofílicos'
(Negroponte e Lévy, por exemplo), graças a seus
possíveis exercicios de 'futurologia' e/ou ficcionismo
científico, estão, em verdade, longe de sê-lo,
desde que o que tem caracterizado suas falas são tão-somente
seus investimentos e marcações pessoais, mais ou
menos enfáticas, de determinadas particularidades das
questões que os 'movem'. Seria um simplismo considerar
pensadores de sua envergadura e com sua capacidade de engajamento
intelectual como tendo posicionamentos acriticos, gratuitos ou,
mesmo, de má-fé, seja a favor ou contra qualquer
coisa ou detalhe (ou estado) de coisa.
(8) Gilbert Simondon,
Du mode d´existence des objets techniques.
(9) Lévy, As tecnologias da inteligência, p. 7.
(10) Lévy,
O que é virtual, pp. 15-25.
(11) Id. ibid.
(12) Pessoalmente, os considero antes 'neomodernos' ou 'modernos
tardios' que 'pós-modernos'. Mas essa é uma discussão
longa e penosa demais para este momento e que merece uma abordagem,
no mínimo, mais paciente e adequada. Para a obteção
de subsídios sobre alguns de seus aspectos, remeto ao
ensaio - originalmente a minha Tese de Doutorado junto à
ECO/UFRJ - A vertigem da maneira: Pintura e vanguarda nos anos
80, Rio de Janeiro: Diadorim, 1993.
(13) Cf. de John P. Leavey, Jr., "Four Protocols: Derrida,
his deconstruction".
(14) Cf. de Hygina Bruzzi de Melo. A cultura do simulacro: Filosofia
e modernidade em J. Baudrillard.
(15) Arthur Kroker e David Cook. The postmodern scene.
(16) Cf. de Christopher Norris, The truth about postmodernism
e, principalmente, de Stuart Sim, Jean-François Lyotard.
(17) Cf. de Manuel DeLanda, War in the age of intelligent machines.
(18) Cf. a propósito seu Simians, cyborgs, and women:
The reinvention of nature.
(19) Deve ficar patente aí o afastamento intencional,
por parte de Haraway, de uma concepção cartesiana
que pensa o sujeito como um ser (res) isolado, independente e
fora do mundo por ele pensado (cf. dualismo cartesiano entre
uma substância puramente pensante - a res cogitans - e
uma outra puramente material - a res extensa). Na verdade, o
homem deve ser considerado como sempre estando imerso no mundo
(o 'seu-nosso' mundo), produzindo nessa imersão a sua
própria humanidade através das incontáveis
e complexas relações que estabelece com seus 'semelhantes'
e 'diferentes', sejam estes ´como´ ele ou não.
(20) Neste ponto,
certamente (e tenho consciência disso) entro em rota de
colisão com Lévy.
Referências bibliográficas:
APPLE, M. "The
new technology: Is it part of the solution or part of the problem
in education?". Computers in the Schools, vol. 8, 1/2/3,
1991.
BAUDRILLARD, J. A transparência do mal: Ensaio sobre os
fenômenos extremos (trad. de Estela dos Santos Abreu).
Campinas: Papirus, 1990.
BAUDRILLARD, J. Simulacres et simulation. Paris: Galilée,
1981.
DELANDA, M. War in the age of intelligent machines. New York:
Zone Books, 1992.
DELEUZE, G. "Pensamento nômade". In: MARTON,
Scarlett (org.) Nietzsche hoje? São Paulo: Brasiliense,
1985.
GODINHO, E. M. Educação e disciplina. Rio de Janeiro:
Diadorim/Editora da Universidade Federal de Juiz de Fora, 1995.
HARAWAY, D. Simians, cyborgs, and women: The reinvention of nature.
New York:
Routledge, 1991.
KERR, S. T. "Vision of sugarplumes: The future of technology,
education, and the schools". Internet, http://weber.u.washington.edu/~stkerr/sugrplum.htm
KILLICK-MORAN, C. P. "Foucault on sexuality and bio-power.
The genealogy of the shift from life to law in the conceptualisation
of power". Internet, http://users.interact.net.au/~pmir/foucaubio.htm [acesso em 20.08.00].
KROKER, A. e COOK, D. The Postmodern Scene. New York: Saint Martin's
Press, 1986.
KROKER, A. e WEINSTEIN, M. A. "The political economy of
virtual reality: Pan capitalism". Internet, http://www.ctheory.com/a-political economy.html [acesso em 25.08.00].
LEAVEY, Jr., J. "Four protocols: Derrida, his deconstruction".
Semia, 23, 1992.
LÉVY, P. O que é virtual? (trad. de Paulo Neves).
São Paulo: Editora 34, 1996.
LÉVY, P. Tecnologias da inteligência (trad. de Carlos
Irineu da Costa). São Paulo: Editora 34, 1994.
LÉVY, P. e LABROSSE, D. "A planetarização
e a expansão da consciência". Pátio,
3, 9, 1999.
MELO, H. B. de. A cultura do simulacro: Filosofia e modernidade
em J. Baudrillard. São Paulo: Loyola, 1988.
NEGROPONTE, N. A vida digital (trad. de Sergio Tellaroli).São
Paulo: Companhia das Letras, 1995.
NORRIS, C. The truth about postmodernism. Oxford: Blackwell,
1993.
PELLANDA, N. M. C. e PELLANDA, E. C. Ciberespaço: Um hipertexto
com Pierre Lévy. Porto Alegre: Artes e Ofícios,
2000.
POSTMAN, N. Tecnopólio: A rendição da cultura
à tecnologia (trad. de Reinaldo Guarany) São Paulo:
Nobel, 1994.
QUÉAU, P. Eloge de la simulation. Paris: Editions Champ
Vallon, 1986.
SIM, S. Jean-François Lyotard. New York: Prentice Hall,
1996.
SIMONDON, G. Du mode d´existence des objets techniques.
Paris: Aubier, 1958.
TURKLE, S. "Virtuality and its discontents: Searching for
community in cyberspace". The American Prospect, 24, 1996
(Winter).
VATTIMO, G. A sociedade transparente (trad. de Carlos Aboim de
Brito). Lisboa: Edições 70, 1991
VATTIMO, G. O fim da modernidade: Nihilismo e hermenêutica
na cultura pós-moderna (trad. de Eduardo Brandão).
São Paulo: Martins Fontes, 1996.
VAZ, Paulo. "Agentes em rede". Internet,
http://ccc.unisinos.tche.br/users/m/marcelobg/paulo.html [acesso em 08.09.00].
VIRILIO, P. O espaço crítico e as perspectivas
do tempo real (trad. de Paulo Roberto Pires). Rio de Janeiro:
Editora 34, 1995.
RESUMO
O crescente fascínio
que as novas técnicas e tecnologias vêm exercendo
sobre as sociedades contemporâneas - fascínio que
as faz serem amiúde tratadas como práticas e saberes
autojustificáveis - pode conduzir aquelas sociedades a
um perigoso embotamento simbólico em relação
a si mesmas, ou seja, aos seus códigos, valores e potencialidades
mais elementares. Nesse contexto, uma educação
emancipatória pode vir a exercer um papel decisivo para
uma retomada de consciência relativamente ao problema.
Isto deverá acontecer, sobretudo, mediante a atuação
de educadores-pensadores aptos a fornecerem os subsídios
conceituais mínimos para a referida retomada.
Palavras-chave:
Educação, cultura, tecnologia.
ABSTRACT
Title: The good
question of today: The role of education in a technicist society
Author: Jorge Lucio de Campos
The increasing
fascination exerted by the new techniques and technologies on
contemporary societies - fascination that treat them like self-justifiable
practices and knowledges - can drive those societies to a dangerous
symbolic unawareness regarding themselves, that is, to their
most elementary codes, values and potentialities. In this context,
an emancipative education may play a decisive role for a critical
reconsideration of the problem. This might happen, above all,
by the performance of 'thinkers-educators' able to provide minimum
conceptual foundations for that reconsideration.
Keywords: Education,
culture, technology.
|
|